sábado, 5 de maio de 2012

A Jogada do Pingo Doce



“Com o saco cheio, lá foram cantando e rindo, mas tesos para o resto do mês.”





A Jogada do Pingo Doce

O Pingo Doce terá arrecadado à volta de 90 milhões de euros, em poucas horas, em capitalização de produtos armazenados.


De onde saiu o dinheiro?

Algum, do bolso dos cidadãos mas, grande parte, das contas bancárias por intermédio de cartões de débito, vulgo “cartões multibanco”. Logo, os bancos vão acusar a saída de tanto dinheiro em tão pouco espaço de tempo e no princípio do mês, altura em que os bancos contam com esse dinheiro nas contas, para se organizarem e investir com ele. Mas ainda ganham, porque alguns dos muitos milhares dos cidadãos compraram a crédito.

Ora, se o Pingo Doce pedisse esse dinheiro à Banca iria pagar, digamos, a 5% em 5 anos, 25% da quantia. Assim não paga nada. O povo deu-lhe boa parte do seu ordenado a troco de géneros. Alguns vão ver-se à rasca porque com o arroz extra para 2 meses e o papel higiénico extra para 2 ou 3, não se paga a electricidade.

O resto, 75% da quantia aparentemente "oferecida", distribuiu-se assim:

- Uma parte dos produtos (talvez 20 a 25%) deve estar a chegar ao fim do prazo de validade. Teria de ser amortizada como perdas e lançada ao lixo. Enquanto não fosse lixo, seria material que entraria como existência, logo considerado  como ganho e sujeito a impostos. Assim poupam-se impostos, despesas de armazenamento (logística, energia, pessoal) e o povinho acartou o lixo futuro.

- Outra parte (10 -15%) seria vendida com os habituais descontos de ocasião e as promoções diárias. Uma parte foi ainda vendida com lucro, apesar do "desconto".



O Pingo Doce prescinde ainda de 30 a 40 % do que seria lucro, por motivos de estratégia empresarial a saber:


a) Descartar-se da concorrência das pequenas empresas. Quem comprou para dois meses, não vai às compras durante esse período.

b) Aumentar a clientela que agora simpatiza com a cadeia "benfeitora".

c) Criar uma situação de monopólio ao fazer pressão sobre os preços dos produtores (que estão à rasca e muitos são espanhóis) para repor os novos stocks em grande quantidade.

d) Transpor já para Euros parte do capital parado em armazém e levá-lo do país, uma vez que a Sede da Empresa não está em Portugal - Não vá o diabo tecê-las e isto voltar ao Escudo nos próximos tempos - levou já a Jerónimo Martins a passar a empresa para a Holanda.

e)  Diminuir com isto o investimento em Portugal, encurtar a oferta de produtos, desfazer-se de algum armazém central e com isso despedir alguns funcionários. O consumo vai diminuir no futuro e o Estado quer "imposto de higiene" pago ao metro quadrado.

f) Poupança em todo o sistema administrativo e publicidade. A comunicação social trabalhou gratuitamente para eles.


Mesmo que tudo fosse considerado ilegal, a multa máxima para Dumping é de 15 a 30.000 Euros, para o resto não há medidas jurídicas. Verdadeiramente isto são "Peanuts" em sacos de Pingo Doce, empresa do homem mais rico de Portugal.

A ASAE irá apenas apresentar serviço. E o governo o que faz? Até agora calou-se. "Se calhar" sabia da manobra.

Autor: Celestino Silva


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